Foi ao Dr. Ems Ribeiro Martins, di-gno chefe da Secretaria Municipal e afecto à vida administrativa do concelho, a pessoa com quem quase primeiro falamos ao chegar aqui.
Fomos encontrá-lo no seu gabinete de trabalho. E foi naquele tabernáculo do ofício que desde o primeiro instante em nossa mente se desenhou o retrato verdadeiro da sua figura como homem, como funcionário, como industrial e como letrado.
Mas, mais espantoso ainda em si, e disso não podemos deixar de dar nota, foi o carinho com que recordou em minúcias casuais a acção designadamente inteligente dentro da indústria, daquele que foi seu progenitor.
Admirámo-lo e escutámo-lo em respeito até no mais pequeno pormenor que tão vivo se conservava na sua memória.
São raras, infelizmente, hoje, pessoas assim. A morte é terrível para todos, mas mais terrível ainda quando ao homem dinâmico, inteligente, frutuoso, sucede na grei alguém que é o primeiro a fazer-lhe o sinal da cruz do esquecimento.
Terrível política de posteridade, dizemos nós, que culmina o egoísmo da espécie, tanto mais em maré alta, quanto mais vão sendo apreciadas virtudes filiais como as do Dr. Ems Ribeiro Martins.
Ora, claro, que como a vida não pára, outra coisa também há a fazer que não seja viver de recordações. Por isso compete a cada um criar ou continuar uma obra.
Ambas as coisas vem fazendo o Dr. Ems. A sua obra é a sua formatura em direito pela Universidade de Lisboa, é a sua carreira; a obra a que vem dando prestigiosa continuação é a sua indústria, essa herdada e cada vez mais ampla e mais moderna.
Só por isso, nós, que somos adversos a elogios, não podemos em casos como este deixar de frizar quanto apreciamos pessoas assim. Oxalá as circunstâncias venham a fazer de nós, um dia, mais um dos muitos amigos que o Dr. Ems tem.