Dr. António Tavares de Almeida

Digmo Presidente da Câmara Municipal de Vale de Cambra

Vale de Cambra 1957
Dr. António Tavares de Almeida

Formado em medicina pela Universidade de Coimbra, o Dr. António Henriques Tavares de Almeida, conta actualmente quarenta e seis anos de idade, e há três apenas que foi investido nas funções de Presidente da Câmara.

A sua vida como médico é um sublime poema de fecundidade filantrópica. Acarinhado, querido de todos, onde há pobre que o não conheça, onde há rico que o não respeite?!

Aquele como a este, leva ele o bálsamo da sua ciência, a perspectiva de curas que miraculosamente sabe operar.

Se não há dinheiro no lar dos doentes menos abastados, pouco importa ao seu coração generoso. O doente é sempre igual para si; o que paga ou o que não paga.

Ao seu apostolado, importa, sim, arrancá-lo à morte, curá-lo, restituir-lhe a saúde, e nada mais. É por isso que ele é querido, é por isso que ele é respeitado.

Novo, se o julgarmos pelo aspecto sem atentarmos na data que consta do seu registo de nascimento -, muito novo mesmo, oxalá o tempo pare sobre si no propósito sublime de o conservar sempre vivo entre a Humanidade, já que tanto bem lhe traz.

Devem ter sido como o Dr. António, os tantos nomes célebres que a história da medicina regista e o mundo imortalizou. Também eles foram, certamente, jovens médicos, cheios de ideais nobres, olhando o mundo como uma chaga que urgia curar sem outro adventício compensador que não fosse o de um dever cumprido.

Dever !… dever, mas não aquele a que se pode dar uma interpretação cómoda ou de menor justiça social.

O dever de Enstein, Pasteur e até mais recentemente Salt não é um dever como esses que se apregoam sem o mínimo de convicções e dentro duma função qualquer.

O dever de Pasteur, por exemplo, é um dever que está tão longe do homem comum, como as estrelas do orbe terráqueo. E o dever, no plano relativo do Dr. António Henrique Tavares de Almeida: ser médico e humanista ao mesmo tempo.

Vale de Cambra pode orgulhar-se de o possuir no seu seio.

Perfumado pelo incenso dos ideais da mais perfeita doutrina humana, a sua vida só tem um norte: fazer o bem; o seu desejo só tem um fim: não olhar a quem.

Mas, se vimos falando do Dr. António Henriques Tavares de Almeida como médico, justo é não o esquecer como munícipe.

Como ele se adaptou às funções de administrativo, nem nós o sabemos. Estamos habituados a considerá-las como um suplício superior ao de Tântalo e daí o natural espanto que revelamos por o ver superiormente integrado no cargo de Presidente da Câmara.

Deve ser este um dos seus grandes méritos: estar onde faz falta. De resto, a prová-lo estão o sem número de obras que nas freguesias e sede do concelho há levado a cabo.

Em primeiro lugar as estradas, depois os Fontenários, Lavadouros, Bebedouros, etc. Em tudo, mesmo em tudo, se há colocado a sua atenção, com o superior desejo de resolver de uma só vez as mil e uma necessidades capitais que sempre existem em todas as terras.

Uma das suas mais importantes preocupações na actualidade, é resolver definitivamente o problema do abastecimento de água.

Já pouco falta para que tal aconteça; e, mais do que para a própria população, o motivo há-de ser de regozijo para si. E que o Dr. António Henriques Tavares de Almeida estima Vale de Cambra como se fosse uma coisa sua.

Esta vila anda-lhe na alma, anda-lhe tanto na alma que para a tornar mais próspera e mesmo mais moderna só lhe falta o poder de usar das artes de qualquer sortilégio.

E aqui nos despedimos do Dr. António Henriques Tavares de Almeida, até um dia; até ao dia em que havemos de o encontrar novamente, não aqui, mas nos horizontes da fama para onde o hão-de arrastar infalivelmente os ecos do seu alto prestígio.

Só então a sua modéstia compreenderá que o que hoje deixamos escrito não foi um elogio que lhe fizemos. Será, quando muito, uma previsão das tantas que nestes poucos anos temos tido a respeito de homens cujas virtudes e inteligência o mundo terá de reconhecer mais tarde ou mais cedo.