No céu de lusco‑fusco


No céu de lusco-fusco eras a luz do sonho e do infinito
anoitecer chuvoso com cheiro a terra molhada

Eras a fragrância dos campos no suspiro de um violino à
sombra da figueira nos primeiros chuviscos do verão

Eras a luz da tarde tombada num ramo de flores colhidas ao
fim do dia

Eras o gesto de quem diz que os braços se enlaçam para
aquecer o coração frio

Eras a fome e a sede que o êxtase celeste inspira sob um
tecto de magnólias

Eras o veludo do orvalho nas lágrimas da noite pura ao
romper da madrugada

Eras tudo… e nada