A dor vestiu‑se de mulher


A dor vestiu-se de mulher de terra e flores e voou para lá das
nuvens onde mora o vento
A vida é um lugar muito longe lá para as bandas do sonho
nas margens do silêncio na arte do encontro-desencontro na
alegria de ser triste
Nesta Galiza de poetas e água e céu e solidão onde um mar
de rias baixas desagua dentro de nós pinta Jordi um rosto de
mulher a ocre terra-siena e carmim
…Que os cabelos e os jardins querem-se soltos e naturais
como as aves e as manhãs
Um homem nu toca Mussorgsky ao vivo como se Jordi
pintasse Quadros de Uma Exposição
Bem perto daqui há muito foi sonhada a Nostalgia mas
ninguém viu a luz vermelha fendendo as águas verdes e a
dor já se vestia de terra e flores e a dor já fug