Cristóvão Colon – O Português que descobriu a América

UM PLANO BEM URDIDO

Cristóvão Colon – O Português que descobriu a América

Portugal era então o centro cultural do mundo. Esse homem extraordinário que foi o Infante D. Henrique, o verdadeiro “pai” da globalização que hoje está tão na moda e que a iniciou, tinha montado em Sagres a melhor academia que jamais existira, rodeando-se de sábios de renome, incluindo muçulmanos e judeus, que contratava e a quem pagava ordenados.

Os reis espanhóis eram consideravelmente ignorantes, comparados com a cultura portuguesa.

D. João II achou que eram fáceis de enganar… e conseguiu-o, com Colon como peão.

Dizer que ele foi um espião ao serviço do rei não explica bem as coisas, ele foi um agente, sim, um instrumento usado pela coroa portuguesa.

Queria concretizar um plano, e o rei proporcionou-lho, intervindo com a influência e ajuda necessárias para que os espanhóis embarcassem na aventura. Portanto, agarrou a oportunidade e colaborou em toda a linha.

Repare-se que foi nessa ocasião, coincidindo com a data em que Colombo estava em Portugal com D. João II, que Bartolomeu Dias regressou a Lisboa com a notícia de ter dobrado o Cabo da Boa Esperança, o que confirmou o que o rei já sabia: que era por aí que chegaria à Índia. Mas sucedeu uma coisa estranha: isto foi em 1488 e Portugal só enviou Vasco da Gama dez anos depois… porquê?

A resposta explica porque D. João II precisava de Colon.

TORDESILHAS

Uma vez conseguido o acesso às riquezas da Índia, Castela iria querer uma fatia e tentaria obtê-la a todo o custo, nem que fosse através da guerra.

O Tratado de Alcáçovas/Toledo definia a posse dos territórios, dava as Canárias a Castela e a Portugal a Madeira, os Açores e a costa africana “até aos índios”, mas ficava-se por aí.

Era preciso que os espanhóis, que tinham conspirado contra a coroa portuguesa, não quisessem também deitar a mão à Índia – para isso era preciso que se convencessem que a tinham conquistado, mesmo que fosse mentira – era aí que entrava Colon.

Mas era preciso que não restassem dúvidas legais quanto à posse das terras, portanto era preciso um novo Tratado. Foi assim que nasceu o Tratado de Tordesilhas.

Mas para lá chegar, foi então necessário que Castela fizesse primeiro a sua grande descoberta, que aconteceu em 1492, com a chegada de Colon à terra que Castela julgava ser a Índia mas Portugal sabia que não era.

ENGANÁMOS OS REIS ESPANHÓIS

Cristóvão Colon – O Português que descobriu a América

Foi fácil preparar o Tratado. Foi uma enorme ingenuidade dos espanhóis não perceber porque a coroa portuguesa lhes estava a dar “a Índia” com tanta facilidade … como também não perceberam, quando os termos do tratado propunham que eram propriedade de Castela as terras além de um meridiano cem léguas a ocidente de Cabo Verde porque é que os portugueses mudaram essa latitude para 370 léguas… com isso, ao aceitá-lo, perderam o direito ao Brasil, que seria “descoberto” seis anos depois…

Não tinham maneira de saber… a ciência era nossa e os segredos bem mantidos.

Aliás, o novo texto do tratado, além do Brasil, dada a Portugal também os territórios a Norte em toda a extensão da zona da Terra Nova, de resto descoberta pelo navegador português João Vaz Corte Real 20 anos antes de Colon ter chegado ao Novo Mundo.

Foi em 1472, o que faz de João Vaz Corte Real o verdadeiro “descobridor da América”.

Portanto, para voltar à aventura das Índias. Portugal esperou pacientemente que Colon chegasse à América em 1492 e o Tratado fosse assinado em 1494, dividindo o mundo em duas partes, uma para Castela, com o que eles pensavam ser a Índia e outra para Portugal, com a Índia de facto.

DONDE VEIO O DINHEIRO?…

Não foi fácil, no entanto, mas D. João II empenhou-se em que Colon desse o rebuçado a Castela. Para começar, Isabel a Católica não tinha dinheiro que chegasse para a aventura, participou com um milhão de maravedis, mas não era suficiente. Acredita-se que Cristóvão terá contribuido com os 250.000 que faltavam!…

Cristóvão Colon – O Português que descobriu a América

Bom, onde é que ele arranjou esse dinheiro? Constou que banqueiros o financiaram, mas então porque é que nunca nenhum apareceu depois a reclamar os lucros? Por outras palavras, só pode ter sido o rei português a fornecer os fundos em falta, para garantir o plano… mas não existem provas disso, é claro.

Existem, sim, provas do grande empenhamento do monarca na concretização da viagem, ao ponto de ter enviado a Cristóvão, no dia 1 de Agosto, dois dias antes da partida da expedição, um precioso instrumento científico de navegação em hebraico, o “Roteiro Calendário”, ou “Tábuas de Declinação do Sol”.

Parece generosidade a mais… a menos que houvesse um motivo muito forte…