Cristóvão Colon – O Português que descobriu a América

UM PLEBEU E UM NOBRE,
UM IGNORANTE E UM SÁBIO

Seria impensável considerar que um plebeu cardador de lãs de Génova pudesse ter a cultura fenomenal demonstrada pelo navegador, saber latim, grego, espanhol, português, hebraico, ser versado em filosofia, cartografia, cosmografia e navegação… ou vir a casar com uma nobre, como ele fez em 1479 ao desposar D. Filipa Moniz Perestrelo, filha de Bartolomeu Perestrelo, capitão donatário de Porto Santo, descendente de Egas Moniz e familiar de D. Nuno Álvares Pereira.

Isso era impossível no século XV. Impossível. Os primeiros dois casos registados de casamentos entre classes aconteceram um século mais tarde, entre novos ricos e damas nobres: não existiu um único no século XV.

Para além disso, D. Filipa Moniz não poderia ter casado sem autorização do Rei – o que aconteceu, porque casou de facto: basta que um dia apareça a ordem régia, provavelmente na poeira de alguns arquivos religiosos guardados sem consulta posterior, para neles se encontrar… o nome verdadeiro do marido.

Dois factos contribuíram para que a confusão vingasse: razões de peso por parte do português para não tornar públicas as suas origens e o próprio nome, e as conspirações políticas de D. João II, incluindo os atentados de 1484 que fizeram a coroa não querer levantar ondas e serviram para esconder alianças estratégicas.