Mutatis mutandis
Estamos perante uma das mais gigantescas fraudes históricas na memória do conhecimento, da Pré-História aos nossos tempos. Ardilosamente planeada no Século XV, permanece indiscutida há mais de meio milénio.
Comparada com ela, para dar apenas um exemplo, a apresentação de provas falsas para justificar a invasão do Iraque foi brincadeira de crianças… uma sanguinária petro-brincadeira, é certo, mas ainda assim uma brincadeira…
Os portugueses de antanho provaram que não só eram capazes de dar novos mundos ao mundo, como de gerar intrincadíssimos planos psico-estratégicos para enganar os menos esclarecidos, planos que têm resistido, quinhentos anos de evolução mais tarde, à globalização da sociedade de informação e continuam a enganar a opinião pública numa era em que todo o conhecimento está disponível.
Do tempo em que a comunicação era feita por envio de carta em mensageiro a cavalo ao tempo em que basta um clique na internet para encontrar tudo sobre tudo, a conspiração entre D. João II e o nobre lusitano que ficou conhecido como “Cristóvão Colombo” tem resistido a todas as investigações e continua de pedra e cal, mesmo depois dos ossos do monarca estarem reduzidos a pó!
Algumas mentes com capacidade de pensamento livre têm conseguido ver para além do nevoeiro da trama. É o caso de Mascarenhas Barreto, Manuel da Silva Rosa, os irmãos Mattos e Silva, Carlos Calado, Sílvia Jorge da Silva, José Rodrigues dos Santos, Santos Ferreira, Manoel de Oliveira, Julieta Marques, Janina Zofia Klawe, Paulo Loução, José Ferreira Coelho, Jorge Preto, Veríssimo Serrão e Manuel Luciano da Silva, entre outros, que têm partilhado com a humanidade uma visão esclarecida… que nada mais parece conseguir que “bater no ceguinho”: e ceguinhos somos nós, incapazes de ver o que se grita aos nossos olhos.
Tudo para quê? Para não termos que alterar os livros de História, mudar as placas nas estátuas, confessar que temos sido mais ingénuos que dois portugueses mortos há quinhentos anos?
…só se for para não dizermos em público que enganámos os espanhóis… mas eles já provaram ser hoje um povo capaz de se adequar mais rapidamente à modernidade, abordando com inteligência a evolução dos tempos e sabendo construir um futuro melhor…
…ou então para não criarmos uma espécie bizarra de incidente diplomático com os italianos, que, não parecendo muito interessados em recordar Mussolini e Al Capone, decerto oporão alguma resistência a abrir mão de Cristóvão Colombo…
Tal como hoje, também no passado éramos um pequeno país, menor que Espanha ou Itália, um cantinho da Europa, um alfinete no mapa… e no entanto fomos o povo mais poderoso do mundo!
Saibamos demarcar o “pequeno” que somos do seu correspondente em latim e não sejamos parvos – tentemos, ao menos, estar à altura dos antepassados que morreram antes de os nossos tetravós terem nascido…