RAZÕES PARA O SEGREDO
Portanto, aqui estão duas razões para ser discreto em relação ao nome e às origens: era bastardo e era judeu. Há quem pense que “Cristóvão” foi uma maneira de disfarçar essa ligação à família judaica, numa época em que a Inquisição ganhava força – acabou por chegar a Espanha em 1478 e mais tarde a Portugal. Ambos os países expulsaram os judeus: Portugal a 31 de Outubro de 1497, Espanha a…
3 de Agosto de 1492.
Que tem esta data de especial?… 3 de Agosto de 1492 foi o dia de partida de Colon para o Novo Mundo, do porto de Palos, no sul de Espanha. Na véspera, o navegador mandou toda a sua tripulação estar a bordo até às 23 horas, o que era inédito em termos de marinhagem. Dá para entender?…
Portanto, faz sentido que um sefardita tente disfarçar-se de cristão: Cristóvão é aquele que carrega Cristo (segundo a lenda, S. Cristóvão atravessou o rio com menino Jesus às costas).
CUBA DO ALENTEJO
Nestas circunstâncias, o Infante D. Fernando fez o que os nobres faziam: despachou a moça para “longe” de Beja para ter o rebento. Foi assim que ela foi parar 20 quilómetros mais a norte, a uma terra chamada Cuba, onde o rapaz nasceu…
E porquê Cuba? Nunca se saberá ao certo, mas há duas razões lógicas: para além da distância do burgo de D. Fernando, há indícios de que por aquelas paragens haveria familiares da jovem Isabel Zarco.
Numa pequena aldeia a menos de 15 quilómetros de Cuba, chamada Albergaria dos Fusos, foi recentemente encontrada uma pedra tumular com o nome “Zarco” claramente inscrito.
Esta lápide está na Igreja de Nossa Senhora do Outeiro, cuja origem remonta ao Século XV e que pertenceu ao Convento de Santa Clara de Beja, terra de D. Fernando. Este Convento, por seu turno, deu origem ao Convento de Santa Clara no Funchal, Ilha da Madeira, fundado por João Gonçalves Zarco, pai da mãe do navegador, portanto seu avô.
Não serão demasiadas coincidências?…
Quando, em 27 de Outubro de 1492, Colon descobriu a ilha a que chamou Cuba, disse que era “o lugar mais bonito do mundo” – será que foi só pela sua beleza ou cedeu à tradição portuguesa de chamar ao sítio onde nascemos “o mais bonito do mundo”?…
Quanto à legitimidade de berço, muitos bastardos chegaram a altas posições na monarquia portuguesa, uma vez que o seu sangue nobre não podia ser ignorado e era comum “dar a facada no matrimónio” – o preservativo, embora usado desde tempos imemoriais pelos chineses, egípcios e gregos, era muito desconfortável e ninguém se dava ao trabalho de usar tripas de animais ou bexigas de peixe a estragar a “escapadinha”.
Nem mesmo se sabe se há verdade nas lendas do Dr. Condom, no século XVII, para evitar que Carlos II de Inglaterra fizesse tantos filhos ilegítimos e só a partir de 1939 a “camisinha de Vénus” passou a ser uma realidade. Também não havia televisão, nem telemóveis para perguntar a toda a hora “estás a fazer o quê, aonde e com quem?“… portanto, eram fabricados bastardos com regularidade e tinham que ser assimilados, à altura da nobreza das suas origens.