CONFUSÃO DE IDENTIDADES
O “New York Times World Almanac and Book of Facts 2011” diz na página 682 que Cristoforo Colombo nasceu em 1451 perto de Génova, Itália.
Não contesto isso, mas contesto o que diz a seguir: que fez quatro viagens à América… não consta que o tecelão genovês ignorante e plebeu tenha integrado as tripulações de Cristóvão Colon… se me faço entender.
No entanto, a primeira afirmação parece verdade, com base numa acta notarial genovesa de 1470 que refere um “Cristoforo Colombo, figlio di Domenico, maggiori di diciannove anni“… portanto, o rapaz existiu e nasceu, de facto, em 1451.
Mas não falemos desse imigrante que decerto terá tido acesso a qualquer tasca lisboeta (depois de 1476, que foi quando chegou cá), embora nunca aos paços reais, como é óbvio, muito menos à cama nobre onde fez um filho a D. Filipa Moniz Perestrelo.
DATA DE NASCIMENTO
Segundo o próprio Colon, ele terá nascido em 1447. No Diário de Bordo do Santa Maria escreveu: “yo he andado veinte y três años en la mar, sin salir della tiempo que se haya de contar“.
Este assento data de 21 de Dezembro de 1492, durante a primeira viagem: 23 no mar mais 8 em Castela, mais 14 até à idade de poder navegar, tinha 45, portanto nasceu em 1447.
Nove anos depois (teria portanto 54) numa carta aos reis católicos escrita em 1501, comenta assim a sua condição de navegador: “ya pasan de quarenta años que yo voy en este uso” – com os 14 de infância, aí estão os 54, em 1501 – logo, nascido em 1447. Duas referências pelo próprio.
Recuemos então meio século e olhemos para o Alentejo.
Era nesse tempo Duque de Beja o Infante D. Fernando, filho de D. Duarte, sobrinho do Infante D. Henrique, de quem foi nomeado herdeiro e de quem recebeu o título de Duque de Viseu.
Dos nove filhos que sua prima Beatriz lhe deu, Leonor viria a ser Rainha, por casamento com D. João II e Manuel viria a ser Rei, aquele que enviou Vasco da Gama para a Índia.
D. Fernando era, portanto, um nobre de cinco estrelas.
FEITO NO ALENTEJO
O rapaz prendeu-se de amores (ou de calores, não se sabe), para aí um ano antes da prima, com uma rapariguinha de boas famílias, filha de João Gonçalves Zarco, cavaleiro do reino e descobridor de Porto Santo e da Madeira… e zás, a moça engravida. Chamava-se Isabel Gonçalves Zarco.
O Dr. Manuel Luciano da Silva diz no seu livro que o produto dessa relação “foi baptizado” com o nome de Salvador Fernandes Zarco – suponho que tenha simplesmente usado uma conjugação do verbo “baptizar” com o significado de “dar um nome”, uma vez que nesses tempos era muito complicado fazer o correspondente acto religioso a um filho ilegítimo, tanto mais que o avô era sefardita, ou seja, tinha sangue judeu (sefardita significa judeu ibérico, derivado da palavra hebraica para Península Ibérica: : sefarad).