Como se fazia a manteiga
Tudo começa junto ao curral, no tratamento do gado, cujo efeito no leite é determinante na produçāo dos derivados, sejam eles manteiga ou queijo…
A região de Vale de Cambra, fazendo parte do solar das vacas de raça arouquesa, sempre a elas recorreu para o trabalho e lhes extrair o precioso leite.
Não poderia a região estar mais bem servida neste aspecto, beneficiando de gado bovino perfeitamente adaptado aos contrastes do terreno, aos esforcos que eles acrescentam ao trabalho agrícola e ao transporte de cargas no “carro de vacas”.
O leite que produziam, concentrado, rico em matérias gordas, por o terem em menor quantidade que a vaca turina – por cá introduzida a partir de meados do século – era o mais indicado para a principal actividade transformadora do concelho de Vale de Cambra: a manteiga.
As “vacas serranas“, como ainda hoje são conhecidas, deambulavam por montes, campos e caminhos, rapando ervas, flores, silvas, palha seca e tudo quanto lhes apaziguasse a fome, definindo as peculiares características que tornam cada leite único.
Mas havia também que as guardar da noite predadora, do frio e dos furtos.
Para isso, a maioria das habitações possuía dois andares… o térreo para o curral dos animais e, por cima, o espaço humanizado pelo quotidiano familiar.
Se o acaso assim não desenhava o lar, ficavam num anexo próximo ou, distantes, por baixo de palheiros que iam estrategicamente pontilhando os campos e as ribeiras.
Fosse como fosse, era nesse espaço – o curral – que se obtinha o precioso leite… a vaca pensada com erva viçosa, bem lavada a lata e o mocho, bem assente no estrume, era tudo quanto necessário para habilidosamente se aliviar, à vaca, o peso do úbere.
A seguir "Comer", maçar e coalhar...