Como se fazia a manteiga
Pela manhā, as tradicionais tigeladas de leite com broa eram um dos principais preparos do pequeno-almoço, apreciado por miúdos e graúdos.
“Comia-se” assim o leite, havendo variadas formas de o fazer, tantas quantas a imaginaçāo e o gosto permitissem.
Era na cozinha que, junto à lareira e recorrendo à bilha e ao touço, se maçava o leite deixado de véspera a desnatar e azedar sobre o poial.
E ao longo do serão, animado pelo bater do touço, transformava-se a nata em grão que no final do processo se juntava num alguidar redondo contendo água limpa e fresca.
O grāo, amassado e sucessivamente passado por água limpa e fresca, formava uma broa de manteiga que se salgava, e à qual todos os dias se acrescentava nova remessa até ter uma dimensão vendável… normalmente o acumular de uma semana…
A partir do momento em que se disseminaram os postos de desnataçāo do leite pelos lugares, a prática de maçar o leite reduziu-se à produçāo doméstica.
Cabia à leiteira ir de casa em casa recolher o leite, transportando-o em bilhas até ao posto onde era decomposto em nata e leite magro.
Esse último era devolvido à leiteira e entregue, na mesma proporçāo,aos seus “fregueses”.
Na nossa regiāo, o queijo foi uma inovacāo já industrial, posterior aos anos 30, embora houvessem tentativas para o produzir em data anterior.
Mesmo artesanalmente, é um processo mais complexo que o da manteiga.
Havia que obter um desnate parcial do leite, mantendo-o em repouso e a temperatura baixa para que não azedasse.
Posteriormente juntava-se ao leite, já aquecido, o coalho -que tanto podia ser flor de cardo moída, como pedaços de estômago de cabrito.
Retirava-se essa coalhada para um pano colocado sobre a francela, formando um saco que comprimido a dessorava.
Essa massa era colocada depois no acincho, o aro de metal que dá a forma ao queijo, que depois de cheios iam repousar num suporte para queijos para escorrerem, secarem, se salgarem e maturarem, ficando pronto para o consumo ao fim de algumas semanas.